A observação é uma ferramenta de investigação incrível, pois nos permite reconhecer, em detalhes, o mundo no qual andamos. Esta ferramenta indispensável ao animal intelectual, chamado homem, funciona através de nossos cinco sentidos de percepção externa e, por isso, podemos conhecer cada aspecto do que nos rodeia, alimentando e desenvolvendo outra ferramenta maravilhosa, o intelecto.
A observação é um sentido
Utilizando os sentidos de observação, percebíamos, esta manhã, um pequeno gato que se equilibrava sobre um muro. Este pequeno animalzinho utilizava seu tato e sua visão para reconhecer o caminho estreito que percorria e, ao chegar ao fim do muro, colado a uma casa, parou e, serenamente, permaneceu por longos minutos analisando e procurando uma maneira de seguir em frente. Bem, o que aconteceu depois não importa… Percebemos, então, que tanto o animal intelectual quanto o irracional, se utilizam de seus sentidos para analisar inteligentemente como “caminhar” neste mundo tridimensional; ambos sabem parar, observar e considerar as melhores hipóteses para suas atitudes e ambos reagem de forma instintiva ante os eventos da vida. Claro que nós, animais intelectuais, podemos nos educar, desenvolvendo uma cultura, civilizações, sistemas, brincadeiras e jogos, etc.
Mas o que é afinal isso de se educar?
Dizemos que uma criança é bem-educada quando ela sabe se comportar e não causa “problemas”; é esperta quando memoriza com facilidade certas coisas; é talentosa quando, pois, dança com toda graciosidade. Enfim, por todas estas qualidades dizemos que é extremamente inteligente e educada. Contudo, o que diríamos de um animal irracional bem adestrado? Acaso um cachorrinho não sabe se comportar? Um gatinho não guarda o caminho de casa, independente de onde esteja? E um cavalo, não é capaz de marchar e trotar com toda elegância? Já observaram como uma colmeia é uma sociedade extremamente organizada? E quão engraçado é um papagaio repetindo nossas frases?! Meus caros amigos, afinal o que é educação? Por favor, ajudem-me a compreender de que servem tantos anos em escolas, se no fim, não somos capazes de controlar nossos instintos, corrigir vícios, respeitar os direitos alheios, preservar o ambiente que nos circunda, cuidar das pessoas, ou melhor, da vida porque sentimos um verdadeiro amor por ela!
Existem, basicamente, duas coisas que diferenciam os humanos dos animais, que são o “livre arbítrio” e a “razão”. Desgraçadamente, ainda não logramos compreender o profundo significado destes dois atributos e, por tal motivo, resignamo-nos a aceitar a condição decadente em que nos encontramos.
O que pensar e como pensar
O termo EDUCAR tem sua raiz no latim EX-DUCERE, “conduzir para fora”. Mas o que devemos conduzir ao exterior? O que existe de tão precioso nos seres humanos que deve ser conduzido e demonstrado ao mundo? O que temos aprendido a demonstrar de nosso interior? Muitos leitores do esoterismo dizem que dentro de nós existe toda a Sabedoria do Universo, ou seja, toda Gnosis.
Entretanto, tentamos encontrar esta sabedoria em livros, dogmas, conceitos, sistemas, escolas, que acabam por nos ensinar O QUE pensar, excluindo os dois preciosos atributos de um ser humano. Então, devemos aprender COMO pensar, meditar, utilizar este incompreensível instrumento que é a mente. Toda cultura que modela nossa personalidade – conceitos, hábitos, costumes, ideias, modas, prazeres, etc. – está voltada ao mundo em que andamos (mundo externo), esquecendo-se ou negligenciando o mundo em que vivemos (mundo interno). Aprendemos a temer e nada mais. Tememos a pobreza, a solidão, policiais, bandidos, amigos, inimigos, a vida e a morte, o céu e o inferno. Em verdade, vida e morte, céu e inferno, tornaram-se comércio ou, na melhor das hipóteses, contos de fadas… Este medo e suas terríveis consequências psicológicas tornaram-se a mola secreta de nossas ações e estão tão enraizadas em nossa psique, que nem remotamente suspeitamos de sua tenebrosa influência, ao contrário, acreditamos ser nosso melhor ponto de apoio. Por isso vemos a urgência em eliminar do nosso interior estas travas que são nossos defeitos psicológicos, para que nossas virtudes possam ser “conduzidas ao exterior”.
O primeiro passo é olhar profundamente para si mesmo e deixar de ver defeitos e erros no exterior; perceber que a sociedade é reflexo do indivíduo e modificar sua própria condição, sua própria realidade interna. Isso é o que chamamos EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL, é o que nos ensina o correto relacionamento com o mundo em que vivemos (interno) e com o que andamos (externo). Esta educação nos conduz ao Despertar da Consciência, permite-nos descobrir as riquezas e as excelências de nossa própria casa, de nossa Alma, ou Essência. Em poucas palavras, concluímos que antes de ensinar ou educar a uma criança, os adultos deveriam educar a si mesmos, para que exista uma educação profissional, descobrindo sua vocação, e uma espiritual, descobrindo os porquês de nossa sofrida existência.
