O Dom de Servir

A indiferença frente ao sofrimento alheio não é humano. Quem não se indigna frente ao destino das meninas do Kamboja? Quem é indiferente frente a devastação de vidas seculares nas selvas tropicais? Quem não se sente como que consumido pelo fogo frente a violência desmedida sobre quem não pode defender-se?

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O princípio humano de sensibilização frente a dor do próximo jamais se cala enquanto o indivíduo possua uma essência. É certo que tal impulso se apaga frente a astúcia dos sabichões, aproveitadores da boa fé humana. Porém a necessidade de servir sempre surge quando reconhecemos uma sincera necessidade de ajuda.

Esta é a força que levantou as grandes religiões de um passado, promoveu revoluções e verdadeiramente mudou o destino dos povos por meio de homens e mulheres que souberam desenvolver em si o dom de servir. 

Quem não vive para servir não serve para viver.

Sócrates

Servir é uma condição inerente à vida

Servir é uma condição inerente à vida, não somente à vida biológica, porém fundamentalmente à vida espiritual.

Aquele a quem todo serviço se traduz em cifras e necessita da apreciação alheia para valorar o que faz, tem este princípio, este dom de sua essência, corrompido. A corrupção dos valores da essência humana traz como resultado dor e sofrimento. Não são raros os casos de árduos, competentes e bem sucedidos trabalhadores que são infelizes, pois tem seus dons aplicados em labores por troca de um objeto mensurável.  Melhor que fosse pelo imensurável.

A mais triste das vidas e a mais triste das mortes são a vida e a morte do homem que não tem a coragem de morrer pelo bem, quando por ele não possa viver.

Rui Barbosa

O ofício pela humanidade possui um sentido sagrado nas civilizações serpentinas. O ‘sacro ofício’, ou melhor, o sacrifício é o sentido da existência dos grandes homens de um passado e de hoje.

Frente aos impulsos do espírito, os limites do corpo, os afetos pessoais e necessidades sociais ficam sobrando. Não existem barreiras para aqueles que sabem o que tem que fazer e estão dispostos a cumprir com o que lhes indique a consciência. Para a humanidade fica a beleza da imensidão das obras enquanto os valores, indescritíveis e intransmissíveis, ficam para os homens que sabem servir e amar.

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