O valor do símbolo está naquilo que ele expressa. Onde a lógica não alcança, a arte ousa. Um instante é mais que suficiente para atingir onde mil páginas não chegam. Como transmitir o intransmissível? O êxtase da tentativa de fazê-lo é o veredicto do fracasso. O símbolo, sem dúvida, é a roupagem mais adequada para o intransmissível.
Poder e Domínio
O poder tem seu fundamento na substância. O poder vem da terra, das bases sólidas, das formas tangíveis. Na sabedoria Pitagórica, as formas surgiam a partir de quatro vértices, quatro pontos. Em três pontos temos uma área. É necessário o quarto ponto para que surja a primeira figura tridimensional na forma de uma pirâmide.
Assombra o entendimento evidenciar o número quatro como símbolo de poder e domínio nas culturas separadas no tempo e espaço. Os quatro elementos da Esfinge egípcia, o Arcano 4 do Tarot e da Kabala, a Cruz Cristã e Asteca, a Suástica Tibetana, a grafia do símbolo consagrado a Zeus-Júpter, só podem ser explicados por meio da Antropologia, ou seja, do encontro do homem com as forças geratrizes da natureza em si mesmo.
Leste, oeste, norte e sul. Fogo, água, terra e ar. O homem, que é escravo de si mesmo, de suas paixões e instintos, a natureza submete-o, levando-o a explosões de ira; tempestades e inundações de luxúria; espantosa gula e inércia; e vendavais e furacões de obsessão, alucinações, medos e temores, destruindo, degenerando a si mesmo e a tudo ao seu redor.
Bem sabiam os antigos o que torna um homem débil, o que leva o indivíduo ao fracasso, e a necessidade do domínio da natureza interior.
“Um homem de vontade débil parece uma folha que cai da árvore, para onde o vento sopra ela vai”. O exercício da vontade consciente faz com que o indivíduo deixe de ser uma vítima das circunstâncias para ser o criador de circunstâncias favoráveis a sua vontade. Isto é o que ensinaram os grandes revolucionários com suas vidas. Recordemos que nas Sagradas Escrituras o homem está criado para ser rei da natureza e não escravo de sua natureza.
O imperador tem seu império em si mesmo. Para a Esfinge de Édipo está o enigma do homem. Jamais um iracundo, um glutão, um libidinoso, alguém que não domine sua mente, poderá triunfar perante a natureza e dela obter o reinado.
Aos débeis, a natureza fecha as suas portas. Há que crucificar a vontade egoísta e pessoal, eliminando todos os defeitos de tipo psicológico como ensinou o Cristo. “Todos os inimigos de Alá devem ser mortos”, lê-se no Alcorão. Esses são os mesmos demônios vermelhos de Seth que mataram a Horus, nossa essência interior. O poder é para o imperador que está sentado em seu trono sustentado por quatro pernas.