Os Mistérios da Antiga China

Entre os troncos culturais do mundo antigo, o Chinês chega aos dias atuais sustentado por raízes milenares de uma esplendorosa civilização.

Dentre seus inumeráveis segredos que residem num conhecimento fundamentado na sabedoria dos Mestres da Humanidade, encontram-se a Caligrafia, suas realizações fantásticas no campo da estratégia bélica e organização política materializada na Muralha da China, a maior construção feita pela mão do homem; suas descobertas como a pólvora e a seda encantando aos olhos e ao tato por sua particularidade tão superior a qualquer tecido conhecido.

Tratados de estratégia inigualados como os de Sun Tzu que até os dias atuais são estudados. Eles criaram a imprensa muito antes do ocidental Gutenberg “reinventa-la”. Criaram a bússola e também o papel. Isso sem falar nos seus valores sociais inquebrantáveis, sua rigorosa disciplina.

Esses são os pontos óbvios e que qualquer pesquisa poderia nos fornecer, porém, quais são realmente os mistérios desse povo chinês, onde se fundamenta sua famosa longevidade, cultura e prosperidade?

Escrita Ideográfica ou Ideograma

A linguagem chinesa, como forma de expressão, indica valores e uma particular maneira de se expressar: é ideográfica, ou seja, as palavras representam ideias.

Os valores intuitivos dos chineses estão expressos em toda a sua complexa cultura, a escrita ideográfica é portanto um exemplo, onde a pessoa não lê uma ideia pronta, mas um conceito, e esse conceito tem relação com o nível de compreensão de quem lê. Porém as interpretações e análises de sua escrita leva-os a profundas reflexões sobre a própria vida.

O ideograma “An” significa Paz, mas que interessante é analisar sua estrutura. Ele é dividido em dois radicais, a parte superior lembra-nos um telhado, representa “casa”, o radical inferior significa “mulher”; portanto, mulher em casa significa Paz. Pode parecer estranha a interpretação, mais além de uma visão
machista (mulher em casa) como poderia interpretar a sociedade atual percebemos um povo que reconhece o valor do feminino como base de todas as coisas, a sociedade chinesa é matriarcal por sua influência Taoísta.

O que é o Taoísmo?

O Taoísmo é uma ciência esotérica, fundamentada nos ensinamentos dos Guias da Humanidade.

Ensinou o homem buscar o equilíbrio com a natureza e o equilíbrio interior através do autoconhecimento.

Lao Tse, o velho mestre, entregou à humanidade o Tao Te Ching, uma obra extraordinária que descreve a Autorrealização humana através do uso frequente e equilibrado das duas forças que atuam em nosso
mundo interior, Ying (feminino, suavidade, noite, lua) e Yang (masculino, dia, sol).

O Taoísmo é profundamente alquímico e dele deriva uma ciência que conduziu vários orientais à longevidade: o Qi-Gong (um complexo sistema de pranayamas-exercícios respiratórios).

Tendo impregnado a forma como os orientais se relacionam com a alimentação, com o próprio corpo e com a sua mente, os Taoístas foram mais além e estruturaram todas as suas práticas e conceitos dentro de um sistema religioso. Sim, o Taoísmo desenvolveu seus rituais, suas práticas, sua doutrina e seus ensinamentos.

Como está fundamentado no símbolo Taiji (Ying/Yiang) tendo seu significado literal como 太, Tai “o maior”, “o mais alto”, “supremo”, “absoluto”; e 極, Chi (ou Ji) significa, original e literalmente, a parte mais alta do telhado – “cumeeira”.

Portanto a cummeira suprema de todo o conhecimento, o topo da Árvore Sephirótica segundo os kabalistas é Kether ou a possibilidade última de união com o Absoluto (com a Divindade) e isso só é possível indo muito além da dualidade, expressa claramente nas cores branca e
negra do símbolo.

O Taoísmo supriu a necessidade de contemplação, de harmonia e de saúde que os chineses necessitavam, suavizando os ensinamentos extremamente práticos do Confucionismo, ensinamento magistral que floresceu de forma quase que subsequente ao Taoísmo.

O Confucionismo

O Confucionismo é o resultado dos escritos e ensinamentos de Confúcio (Kung Fu Si). O significado do nome desse sábio já é digno de uma reflexão, Kung Fu =maestria, Si = mestre, portanto, Kung Fu Si = mestre dos mestres.

Os ensinamentos abrangentes desse grande instrutor foi o mais amplo já disseminado entre os orientais, envolvendo aspectos de moral, ética, espiritualidade, gestão pública e muitos outros
aspectos.

Os livros escritos por seus discípulos foram amplamente estudados na China e até hoje influenciam grandemente o comportamento social dos chineses. Portanto esse homem superior, preconizado por Confúcio necessitava ter atingido a Maestria da Vida.

Confúcio pregava que cada um cumprisse com seu dever de forma correta. Também o condicionamento dos hábitos serviria para temperar a alma e evitar os excessos. Logo, a sua doutrina apregoava a criação de uma sociedade capaz, culturalmente instruída e disposta ao bem estar comum.

O homem para atingir esse ideal deveria ter os 5 atributos:

  • Ren= humanidade (altruísmo).
  • Li= cortesia ritual.
  • Zhi= conhecimento ou sabedoria (Gnosis).
  • Xin= integridade.
  • Zhing= fidelidade.
  • Yi= justiça, retidão, honradez.

Para que o homem pudesse realizar em si esses atributos deveria portanto subjugar a sua natureza inferior, permitindo que florescesse a superior através de Zhi (Sabedoria do Ser), tornando-se dessa forma, um Mestre.

Vemos nessa época atual os chineses distantes de seus valores fundamentais. Agora muito hábeis em questões práticas como aspectos financeiros e suas relações comerciais, seus símbolos e mitos ainda encontram-se em profunda relação com a simbologia Arquetípica Iniciática.

Mistérios Serpentinos

O Dragão (Long) tão cultuado na China é a verdadeira representação do homem Autorrealizado; eles afirmam que homens tornam-se Dragões, e isso ocorre quando esses homens conseguem “emplumar a serpente” (como nos ensina a sabedoria Maya).

A realização concreta do símbolo de Hermes Trismegisto, o três vezes grande Deus Íbis de Thot, indica que o praticante dedicado dessa Ciência Oculta deve conduzir as suas energias criadoras polarizadas no símbolo mágico das serpentes branca e negra, por determinadas “câmaras secretas” ao longo
de um tortuoso Caminho cheio de espantosos perigos.

Ao chegar no ápice desse trajeto, tendo conhecido as 33 câmaras ocultas, abrir-se-ão as asas ígneas, então esse homem transforma-se num Dragão de Sabedoria e deverá se sentar entre os imortais.

Os Dragões Chineses dividem-se em vários tipos: Hua-Long ou o Dragão Amarelo é considerado entre os Chineses o mais sábio e velho dos Dragões. Tendo sua Ordem e seus Discípulos, estudando e aplicando seus profundos ensinamentos.

Esse é um ensinamento cósmico presente em todas as grandes culturas serpentinas; vemos Quetzalcoatl como o Dragão dos astecas, a águia que devora a serpente convertendo estes dois seres em um só, a Estrela de Davi que une os dois triângulos, o dragão que morde a própria cauda e opera, num movimento circular e contínuo, todo o processo dinâmico e transformador da vida.

“Meu fim é meu começo”, diz o Dragão nesse ato mágico de devorar-se e cuspir-se, a representar a unidade indiferenciada da vida, e seu caráter divino implícito na perfeição do círculo, o Oroboro dos Alquimistas.

Este é o principal atributo do Homem, unir em um só corpo duas forças antagônicas, e harmonizá-las com o poder de sua Vontade.

Assim vemos que uma parte substancial dos ensinamentos ocultos chineses tem relação com a antiga ciência alquímica, como nos confirma o capítulo 63 do Hua Hu Ching.

Antigo tratado atribuído a ensinamentos ocultos de Lao Si; “Simplifica teu comportamento, fixa a energia sexual elevando-a, integra o Ying e o Yang no corpo, na mente e no espírito, pratica a reflexão antes da ação, faz com que a tua Consciência seja uma com a lei pura e descobrirás a verdade.”

Seus ensinamentos portanto não se restringiram aos aspectos alquímicos ou ligados à energia criadora, uma das grandes contribuições que os chineses concederam à humanidade foi o controle e o silêncio mental através do Cha’n.

O Budismo Cha’n originário da China deu todas as bases para que se desenvolvesse o Zen Budismo Japonês que estendeu suas influências a quase todos os ramos de desenvolvimento cultural no oriente: poesia, literatura, arranjos florais, arquitetura, resultando na futura perspectiva “minimalista”.

Dentre todas as práticas para silenciar a mente a principal desenvolvida por eles é a meditação com seus vigorosos Koans (pergunta sem resposta), o objetivo não é apenas controlar a mente, é subjugá-la completamente.

Através do calar a mente poderiam atingir níveis superiores de consciência que eles definiam como a iluminação. (Samadhi para os hindus e Satori para os adeptos do Zen/Cha’n).

Os discípulos diretos da linhagem espiritual de Sakyamuni sabiam que só poderiam expressar uma sabedoria superior através de uma mente passiva e quieta, por isso trabalharam duramente.

Essas técnicas foram se tornando abrangentes, e passaram à contemplação da natureza, onde o praticante retira o olhar racional e sente a paisagem.

Lamentavelmente, os próprios chineses nos dias atuais esqueceram os fundamentos tão profundos de toda a sua grandiosa cultura, e caíram rendidos de joelhos diante do materialismo.

A Gnosis vem portanto revalorizar toda essa sabedoria e convida às consciências de todos aqueles que buscam a autossuperação a verificar dentro desse ensinamento a Intuição de uma Linguagem de Ouro, a Harmonia do Tao, a Maestria da Vida através da Auto Gnosis, conhecer a Verdadeira Aniquilação Budhista!

Porque se no mundo físico não se encontra mais que um interesse genuíno pela espiritualidade e apenas pelos valores financeiros, internamente uma trilha ainda está aberta e aguardando aqueles que sentem vibrar sua alma quando ouvem falar da sabedoria do Velho e Antigo Dragão Amarelo.

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