Sonhos Lúcidos

A vasta diversidade de fenômenos oníricos frequentemente nos faz despertar com a sensação de que experimentamos algo insólito, especial, no mundo dos sonhos.

Pesquisas da American Psychiatric Association – APA, demonstram que entre 40 e 50% das pessoas que sonham normalmente puderam experimentar pelo menos uma vez na vida um sonho lúcido.

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Sentir-se plenamente consciente durante um sonho, até mesmo de se tratar de um sonho dentro do sonho, ver-se flutuando, ver o próprio corpo deitado na cama ou ainda experimentar sensações como a Paralisia do Sono, que ocorre quando o cérebro acorda de um estado REM – rapid eyes moviment, mas a paralisia corporal persiste deixando a pessoa perfeitamente consciente, porém incapaz de se mover, com percepções auditivas e visuais de imagens e sons que não provêm do mundo físico.

Tais experiências, sem qualquer dúvida, estimulam pessoas a conhecer profundamente os processos dos quais foram partícipes; contudo, o fato é que pouca informação tem-se a respeito do vasto campo de fenômenos insólitos que se apresentam durante o período do sono dentre o conhecimento e cultura ocidental. 

Estudos sobre sonhos na psicanálise

Os primeiros passos neste sentido são dados no século XIX, a partir das investigações de Freud. Para ele, “os sonhos são fenômenos psíquicos de inteira validade”, ou seja, de modo análogo ao que são os fenômenos mensuráveis para as ciências exatas, são os sonhos para o campo anímico do mundo interior do Homem, com os quais se pode revelar as leis que dirigem e governam os fenômenos psíquicos. 

Com Carl Gustav Jung, os fenômenos oníricos ganham ainda mais importância quando ele extrapola os limites individuais dos processos inconsciêntes, demonstrando que os sonhos são as portas para um inconsciente coletivo, ou seja, um mundo oculto, não percebido comumente pelos cinco sentidos.

Porém, pouco se tem avançado nesta rama da ciência desde então, muito devido às exigências metodológicas aplicadas e aceitas nas ciências convencionais, as quais tem-se demonstrado eficientes para o conhecimento do mundo exterior, porém ineficientes para o conhecimento do mundo interior, psíquico ou mundo anímico.

Tais metodologias limitam-se a identificação de patologias, análise dos processos fisiológicos, entre outros; e raros são os que se dedicam, por exemplo, a desenvolver técnicas que permitam uma investigação do inconsciente e subconsciente humano como o faz o pesquisador Allan Hobson, da área de neurofisiologia, entre outros em distintas universidades, notavelmente Stantford que tem se dedicado ao estudo dos sonhos lúcidos.

Os sonhos lúcidos nas antigas civilizações

Já no Oriente, o tema é tratado há milhares de anos. Basta lembrar o fato de que o conhecimento do mundo dos sonhos era o que movimentava a economia no Egito dos Faraós. Um dos mais antigos, senão o mais antigo livro do mundo, o Livro dos Mortos Egípcio, “Peri em Heru”, traz cenários, personagens, paisagens e regiões apenas perceptíveis em processos do sono.

Os Egípcios consideram, por exemplo, que o ser humano possui um corpo, denominado de “Ka”, responsável por transportar a consciência humana pelo mundo dos sonhos de forma análoga ao corpo biológico transportando-a no mundo das três dimensões. O manejo de tal corpo é o que permitiria o domínio dos sonhos.

Os Tibetanos sustentam o mesmo conhecimento. Pode-se encontrar no Livro Tibetano dos Mortos a seguinte passagem sobre o assunto: “Oh nobre por nascimento, teu corpo presente sendo um corpo de desejos não é um corpo de matéria grosseira. Assim que, agora tu tens o poder de atravessar qualquer massa de rochas, colinas, penhascos, terra, casas e o próprio monte Meru, sem encontrar obstáculo”.

Muitas outras questões permeiam ainda o tema, como, por exemplo a possibilidade de se obter premonições acerca de acontecimentos futuros, como acreditavam os gregos e os romanos dentre outras culturas.

Lobsang Rampa, insigne monge tibetano, apresenta em suas obras a existência de registros, denominados Registros Akáshicos, que poderiam ser acessados por meio de sonhos lúcidos, os quais conteriam todos os eventos passados e futuros do planeta. 

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Questionado sobre esta possibilidade, Sigmund Freud se pronuncia: “E quanto ao valor dos sonhos para nos elucidar o futuro? Naturalmente, isso está fora de cogitação. Mais certo seria dizer, em vez disso, que eles nos elucidam o passado, pois os sonhos se originam do passado em todos os sentidos. Não obstante, a antiga crença de que os sonhos preveem o futuro não é inteiramente desprovida de verdade. Afinal, ao retratar a realização de nossos desejos, os sonhos decerto nos transportam para o futuro. Mas esse futuro, que o sonhador representa como presente foi moldado por seu desejo indestrutível à imagem e semelhança do passado”.

A ideia apresentada por Freud guarda imensa semelhança com a “lei do eterno retorno de todas as coisas”, presente na cultura Hindu e nas obras de Nietzsche por meio da qual, nas palavras de Samael Aun Weor, “O passado se converte em futuro pela lacuna do presente”. Desta forma, os sonhos revelam-se ferramentas formidáveis para o conhecimento do homem e das possibilidades nele ocultas.

A importância dos sonhos no ocidente

Neste campo de conhecimento das matizes comportamentais humanas, desde a antiguidade o pensamento ocidental dá reconhecida importância aos sonhos.

Nas palavras de Platão “o homem se conhece por seus sonhos”, não apenas sonhos como sinônimo de desejos, porém substancialmente como veículo para investigação clara e concisa do que reside no aparelho anímico.

Quem poderá imaginar a importância dos resultados passíveis de se obter através de uma compreensão completa da estrutura e das funções do aparelho anímico… como meio de se chegar a uma compreensão da alma, a uma revelação das características ocultas de cada um?

Sigmund Freud

Compreender completamente as estruturas e as funções do aparelho anímico, como sugere Freud, apresenta-se unicamente possível por meio da transformação do inconsciente e subconsciente em consciente, ou seja, o que está oculto e não conseguimos perceber usualmente em nossos processos anímicos, as complexas equações íntimas que são propulsoras dos pensamentos, emoções e desejos podem ser perfeitamente conhecidas e manejadas voluntariamente. 

Aqui está a “necessidade do despertar” enfatizada nos livros sagrados de todas as religiões. Despertar em um sonho, estando lúcidos com os olhos abertos ou fechados.

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