As Percepções da Realidade

A divergência existente entre o real e a percepção humana da realidade evidencia que o homem necessita desenvolver seu aparelho psíquico.

Através dos tempos, estudiosos das diversas áreas do conhecimento, notadamente da filosofia, psicologia, biologia e neurologia, têm se questionado acerca da validade das percepções que temos da realidade.

Afinal, o que é o Real?

Tais questionamentos conduzem a evidenciar que o ser humano percebe apenas uma fração do real e não é capaz de perceber os fenômenos tais como são.

O homem é dotado de um instrumento de cognição chamado de aparelho psíquico, que abarca os cinco sentidos, uma memória visual, emocional, mental, etc, e que permite uma interpretação das percepções, porém o fruto de sua cognição não necessariamente converge com o real.

Desta forma, podemos fazer uma clara diferenciação entre o que é o Real e o que é o fruto da percepção humana.

Immanuel Kant, em sua Crítica da Razão Pura, diz que não é possível conhecer a coisa em si (O Real) e sim para si (as percepções).

Porém este grande filósofo de Konigsberg aclara que esta limitação é exclusiva do conhecimento empírico, aquele cuja base é a percepção dos sentidos (posteriores à experiência). 

Quanto às percepções que não estão fundamentadas apenas nos cinco sentidos, estas sim podem conduzir à realidade a qual ele chama de conhecimento puro, que não depende dos sentidos ordinários (anteriores à experiência).

O Desenvolvimento do aparelho psíquico

A divergência existente entre o real e a percepção humana da realidade evidencia que o homem necessita desenvolver dentro de si áreas de seu aparelho psíquico que permitirão a captura da real natureza dos fenômenos ou, utilizando termos orientais, a Talidade. 

Trata-se de um mergulhar dentro de outras dimensões inerentes ao cosmos até então não percebidas pela consciência ordinária do homem. Tais dimensões não são exclusividade apenas das obras dos grandes poetas e filósofos de todos os tempos, a exemplo de Dante Alighieri e sua magna obra a Divina Comédia, e sim são já demonstradas nas mais sofisticadas equações físicas e matemáticas, que estruturam universos paralelos coexistentes e inter-relacionados.

Afortunadamente, grandes sábios da China, Pérsia, Grécia, México, Tibet, Egito, entre outros, deixaram à humanidade um grande legado ao entregar chaves para adquirir estados superiores de consciência e conhecer a realidade fenomenal.

Uma delas é a Meditação, que abre as portas da percepção normalmente não acessíveis. Através da meditação podemos desenvolver o sentido maravilhoso da intuição. A intuição nos dá a capacidade de compreender sem o processo da comparação, lógica aristotélica, raciocínio e opção. É por meio desta faculdade de cognição que podemos penetrar na realidade das coisas, usando as palavras de Kant, conhecer a ‘coisa em si’. 

Os cinco sentidos, os conceitos, ideias, dogmas, tradições, etc, como meio de conhecimento da realidade não são apenas insuficientes mas constituem obstáculos para a percepção do real, sendo urgente o desenvolvimento do aparelho psíquico. 

Ainda outras técnicas nos permitem ampliar nossa percepção, entre as quais se incluem a mantralização e o desdobramento astral que foi amplamente difundido no Egito dos Faraós.  Este último consiste em despertar a consciência nas horas de sono. Nos instantes em que nosso corpo físico descansa, a consciência move-se no mundo astral ou mundo de KA, como diriam os antigos Egípcios.

Quanto à mantralização, a sábia combinação de algumas letras entoadas com harmonia e concentração, esta faz com que zonas do nosso corpo vibrem por ressonância e despertem capacidades que promovem a percepção extra-sensorial. 

As Drogas e o aparelho psíquico

Segundo a definição, as drogas são substâncias que ao serem ingeridas pelo corpo produzem alterações em suas funções físicas e também psíquicas. Tais alterações, ao invés de desenvolverem o aparelho psíquico, o degeneram.

Algumas correntes de pensamento imaginam que o efeito das mesmas é sublime, produzem sensações transcendentais, sensibilizam as percepções conscientes, etc., no entanto, as drogas produzem no usuário um estado de psicodelia, ou seja, estado no qual a pessoa se põe em contato com suas percepções mais negativas e infraconscientes.

Tais substâncias desatam na psique do usuário percepções que guardam íntima relação com os desejos insatisfeitos, instintos negativos, emoções desregradas, entre outras. São estas as mais baixas expressões da consciência humana. 

As drogas, tais como a maconha, a cocaína,  o álcool, dentre outras, além de causarem dependência, eliminam qualquer possibilidade de conjunção com as práticas citadas anteriormente para o desenvolvimento do homem, visto que destroem fundamentalmente o nosso organismo, principalmente os sistemas endócrino, nervoso e cerebral que se relacionam com o bom funcionamento de nosso aparelho psíquico.

Realidade x Subjetividade

Aqui temos as duas faces dos métodos de alterações dos estados psíquicos e, por conseguinte, alterações da percepção humana: de um lado estão as técnicas milenares de meditação, desdobramento astral e vocalizações; de outro, o uso de drogas e entorpecentes. A primeira conduz à ampliação da capacidade de percepção, a segunda, à redução e distorção. 

Enquanto uma conduz à realidade a outra conduz à subjetividade e alucinação. Uma tonifica o cérebro, sistema nervoso simpático e parassimpático, fortalece o sistema imunológico e desperta capacidades latentes. A outra torna demente a mente sã e degenera os órgãos espantosamente. Em síntese, uma conduz à vida e a outra conduz à morte, incompatíveis pela própria natureza.

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