As Vestais: Interpretações do Feminino

O objetivo desse breve estudo sobre as vestais é entender a importância da representação feminina nas antigas culturas, especialmente na cultura greco-romana. As mulheres naquele contexto ocupavam um papel determinante na organização do lar, bem como na religião, educação e organização social daqueles povos.

Abordaremos especificamente a função das Vestais na antiga Roma, resgatando sua importância para que, de alguma forma, possamos nos inspirar nessas antigas culturas promovendo reflexões sobre o papel da mulher atualmente, contudo sem perder de vista a essência da natureza do Feminino.

Todas as grandes civilizações preservaram a imagem do feminino, pois a base de uma sociedade está na educação que se destina às mulheres por natureza.

O aspecto feminino aparece sob várias manifestações: a grande Mãe, a Mãe natureza que doa e mantêm a vida: Ram-IO, Deméter, Maia, Hathor, Nut; a mulher como guerreira: Athena;  e finalmente, o objetivo de nosso estudo é falar sobre o aspecto da mulher como sacerdotisa: Héstia, Vesta, Ísis, Maria Madalena.

Vestais Sacerdotisas

vestais, damas gnósticas

As Vestais da antiga Roma serviam a Deusa Vesta uma deusa que personifica o fogo sagrado, representado pela pira doméstica e também pela cidade. Corresponde a Deusa Héstia dos gregos, embora também fosse associada a Agni dos Hindus.

As mulheres Vestais que serviam a Deusa seguiam uma conduta rígida, deviam permanecer Virgens imaculadas; lembrando que, essa virgindade assume um caráter de castidade, mulheres que sabiam manejar sua energia, e serviam a Deusa orientando os iniciados nos Mistérios do Fogo daquela época.

É evidente que, a simbologia da manutenção do fogo é o ponto central, esse fogo que simboliza a energia sexual, a capacidade criadora que reside no ser humano e que naturalmente a mulher deve guardar e zelar.

Como citado em todas as religiões que tinham sua raiz na revolução da consciência souberam instruir suas sacerdotisas para o manejo do fogo.

Simbologia

A  simbologia é ampla: desde as coisas mais simples como tradições passadas de mãe para a filha. Por exemplo, na Grécia toda casa que se preze tinha uma lareira ao centro esta que era manejada apenas pela mulher, quando a filha saía de casa para formar um novo lar a mãe acendia uma tocha proveniente daquela chama da lareira e entregava a sua filha para que acendesse sua própria lareira. Isso demonstra como as tradições antigas valorizavam e significavam esse culto ao fogo doméstico.

Nesse sentido, as Vestais eram responsáveis por algo basilar que é a própria referência ao lar – lareira, esse fogo doméstico, que justamente se localiza no centro que é de onde emana todas as coisas: o centro luminoso, vertical, transmutador. Os romanos compreendiam a necessidade de ter  um centro que emana, uma base fundamental que pudesse conservar esse espírito em torno do qual tudo se constrói. É de suma importância não perder o contato com o centro que nos dá a sustentação.

A mulher é a provedora do amor e da luz, o eixo fundamental de onde todas as outras coisas emanam, o reflexo vivo de emoções e condutas. Aquela que guarda a memória do porquê, a educadora, a que vela o sagrado; o elemento terreno e fixador, o próprio umbigo. A lembrança da nossa vida uterina, da nossa gestação, da nossa origem.

Dentre outros símbolos associados a essa deusa, podemos citar a colheita da primavera,  onde os Romanos ofereciam os primeiros grãos e frutos à Vesta; essa oferta deu origem a um festival tradicional conhecido como Vestália. Havia a associação à fertilidade e a capacidade criadora de fecundação que ela simbolizava.

Além disso, o animal associado a deusa era o asno que representa nesse contexto as debilidades, fragilidades humanas e a ignorância. Por isso, nesse festival as Vestais adornavam esses animais com guirlandas de flores, simbolizando as virtudes possíveis no desenvolvimento do homem.

O Valor do Eterno Feminino

Interpretar os símbolos relacionados ao sagrado feminino nos relembra a função natural e divina que a mulher cumpre, dentro de si, dentro do lar e dentro da sociedade. Portanto, conservar o espírito em torno do qual tudo se constrói é preservar as raízes dos ensinamentos milenares, ou seja, preservar a mulher é manter a memória de um povo sempre pulsando, trazendo consciência, luz e entendimento.

Perder o contato com a mulher ou banalizar sua relevância é jogar fora os ensinamentos mais preciosos, é mecanizar as ações perdendo, portanto, sua consciência de ação.

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