Os Mistérios do Antigo Egito

O historiador grego Heródoto visitou o Egito no ano 500 a. C. e afirmou: “De todas as nações da Terra os egípcios são os mais felizes, sãos e religiosos”. Construíram uma sociedade onde reinavam a paz e a felicidade, em sua língua não possuíam uma palavra que significasse religião, não viam diferença entre o que era considerado sagrado e o que era do mundo, viam-se como encarregados de compreender que Deus, o Universo e o Homem formam uma manifestação única. Possuíam um vasto e profundo conhecimento espiritual, científico e de tudo o que diz respeito aos fenômenos naturais, cósmicos e de como o homem deveria atuar para viver integrado com todos os seres existentes.

Mistérios do Antigo Egito

O Egito, desde o começo, aparece maduro, sem períodos de ciclos e evoluções. Sua civilização não tem infância, e suas artes nenhum período arcaico, já estava assim na maturidade. Formavam um povo civilizado e numeroso conhecedor de técnicas de corte, transporte e junção de pedras rochosas com as quais construíram as pirâmides; conheceram a fundo os processos químicos da mumificação; aplicavam técnicas de irrigação artificial, por meio de canais com vazão controlada; já utilizavam o vidro, desenvolveram técnicas de polimento com areia e modernas formas de encaixe, tanto da madeira quanto da pedra; caprichosos joalheiros com uma técnica de solda e montagem de joias que é a mesma dos tempos atuais; criaram a cerveja aperfeiçoando o processo de fermentação e a variedade de aromas e sabores.

Enfim, as descobertas, inventos e construções atribuídas aos egípcios daria uma extensa lista se aqui a citássemos todas. Sendo assim nos perguntamos como conseguiram tal desenvolvimento, qual sua origem uma vez que não passou por processos evolutivos?

Seus Templos e Edificações

Templo de Ed Fu
Templo de Ed Fu

Haviam templos construídos por todo seu território, cada um deles possuía um deus específico e transmitia um conhecimento sobre determinado assunto, convertendo-se cada um em uma biblioteca viva de pedra. Cada templo continha três níveis de informação, era uma maneira de revelar simultaneamente a homens em diferentes níveis ou estados evolutivos. O primeiro nível transmitia ensinamentos básicos dirigidos ao povo, cada templo contava uma história simples, repleta de símbolos e personagens fantásticos, um drama sagrado facilmente compreensível, as ideias eram expressas como mitos ou em forma de história. O mito, uma história fantástica, foi utilizado como método para revelar ao homem um mundo que ele só entende
imperfeitamente.

Criavam personagens com características simbólicas ou com formas que trazem à mente sua função ou atividade principal, que participavam de histórias simples e parábolas que contam verdades sobre a natureza humana, sem a aridez e abstração da filosofia ou da metafísica. O povo recebeu a informação sobre cada tema sagrado ao conhecer a história central de cada templo, ao conhecer as fraquezas e forças de cada personagem, as circunstâncias que atravessam e a maneira como resolvem.

Templo de Kom Ombo
Templo de Kom Ombo

Utilizavam um segundo nível de informação dirigido aos discípulos, aos quais se explicavam diretamente o mesmo tema de uma maneira mais concreta e profunda. Para isso utilizavam as cenas descritivas do mito talhadas nos muros do templo, explicavam cada personagem, o que simbolizavam no universo, o porquê da sua forma, comportamento e função principal. Por último, em um terceiro nível de informação, cada templo guardou um código secreto embebido no próprio símbolo, era conhecido apenas pelos altos sacerdotes e mestres com informações sobre forças e energias fundamentais, como controlá-las e utilizá-las para prestar serviço ao seu povo.

Relação dos templos, deuses e alguns aspectos dos conhecimentos que eram transmitidos:

  • TEMPLO DE OSÍRIS (em Abydos) – a Reencarnação.
  • TEMPLO DE KOM OMBO (em Kom Ombo) – a Dualidade (a força que induz ao erro e a força que induz à compreensão). Era por onde se começava os estudos dos iniciados egípcios.
  • TEMPLO DE LUXOR (em Tebas) – sobre o Corpo do Homem.
  • TEMPLO DE HATHOR (em Denderah) – a Gestação.
  • TEMPLO DE ÍSIS (em Philae) – o Princípio Feminino. (O Gênero)
  • TEMPLO DE HORUS (em Ed Fu) – a Iluminação.
  • TEMPLO DE KARNAK (em Tebas) – a Consciência.
Templo de Luxor
Templo de Luxor – Tebas

Suas Leis e Justiça

Seu senso de justiça era diferente ao que conhecemos hoje em dia, era focado no indivíduo. O conhecido “Livro dos Mortos” tinha como principal função o comportamento do ser humano: ensinamentos para serem realizados em vida, que prepara o indivíduo para a morte.

Representado pela Deusa Maat, deusa da verdade e da justiça, do senso de realidade, da equidade e do respeito às leis e aos indivíduos, tinha a função de decidir o destino dos egípcios após a morte. Para o morto alcançar o submundo, objetivo de todo egípcio, ele precisava proferir a “Confissão Negativa”, constituída por uma sequência de renúncias feitas em vida, à exemplo: não matei, não roubei, não cometi adultério, não menti, entre outros que totalizavam 42 ‘confissões’. Caso fosse aprovado nessas confissões o morto era considerado “Verdadeiro da Palavra” (Maat Kheru – Expressão bem popular do antigo Egito) e poderia passar a uma nova sala onde seu coração seria pesado em uma balança.

Papiro Egípcio Tribunal da Justiça

A pesagem do coração era feita utilizando como contrapeso a pena de Maat. O coração deveria pesar menos que a pena, para que o mesmo pudesse ter a vida eterna, caso o coração fosse mais pesado que a pena de Maat, o morto era devorado por Ammit, uma espécie de devorador de almas, e o morto deixava de existir, o que para os egípcios era algo de um enorme terror.

NomeSignificadoCorpo Interno
SahuO Espírito DivioÁtmico
Eb ou AbO Centro da Consciência reside no coraçãoBúdhico
Akh ou KhuEssência da VidaCausal
BaPássaro com cabeça humanaMental
KaAquilo que se usa enquanto dormeAstral
KhaibitDá a vitalidadeVital
KhatFísicoFísico
SekhmitIrradiação de todos os corposAura
RenAprendizado da vidaPersonalidade
Estrutura Interna do Homem no conceito egípcio

A Mitologia de Osíris

A mais conhecida das mitologias egípcias era a de Osíris, onde este e sua esposa, Ísis, governavam o Egito, deram forma às suas leis, foram o instrumento da civilização ensinando o respeito e a busca de Deus. Em determinado período, Osíris prosseguiu sua busca em outras regiões e outros conhecimentos, deixando o reino (símbolo da mente) nas mãos de Ísis. Seth (a força animal obscura), seu irmão, queria apoderar-se do reino (da mente do homem) e de Ísis, por quem estava apaixonado. Quando Osíris regressou, Seth, em conspiração com 72 nobres, o convidou a um banquete ao qual levou um belo sarcófago talhado em madeira do tamanho exato de Osíris, declarou que o daria de presente a quem se ajustasse nele perfeitamente. Um a um eles experimentaram e quando Osíris se deitou em seu interior os conspiradores fecharam a tampa e selaram-na com chumbo, depois atiraram o sarcófago no Nilo. Seth, que representava a parte animal e passional de todo ser tomou posse da mente, limitando-a a sensações e desejos do corpo. Segundo o mito, o sarcófago onde estava Osíris chegou à costa do Líbano, onde ficou preso a galhos de uma tamarga.

Depois de muito viajar a procura de Osíris, Ísis conseguiu resgatar o sarcófago e o trouxe de volta ao Egito, quando Seth descobriu, tomou o corpo de Osíris e o cortou em quatorze pedaços e os espalhou por todo o país. Entretanto, Ísis percorreu o Egito e encontrou, uma a uma, treze das partes, todas menos o falo de Osíris, que segundo a lenda foi devorado pelos peixes do rio (um simbolismo do abandono da sexualidade e da animalidade originais).

Ísis, ajudada por Toth, conseguiu unir os pedaços do corpo de Osíris e teve uma comunhão espiritual com seu marido, ela impregnada de sua essência ficou grávida e gerou Hórus (representa a iluminação interior, o despertar da consciência).

Seu Objetivo, suas crenças

O Egito é um país de um só Deus, Aquele que está em todos os lugares, e sempre foi assim, o compreendiam como a unidade inicial, absoluto, de onde toda a criação emanou e para onde tudo retornará e o chamaram de Atum-Ra. Nunca foi representado com uma forma física e nos hieróglifos era desenhado como um disco dourado, um sol simbólico, fonte da luz. Atum-Rá é o Deus Absoluto que existia antes da manifestação do universo, Ele é a Unidade, a matéria-prima, o caos que contém tudo em potência, o nada, o grande princípio, a própria essência de todas as coisas, o espírito divino, eterno, imutável, que sabe tudo e está em todas as partes.

A civilização egípcia teve como princípio primordial a busca pelo sagrado e divino, a busca de Deus, o desenvolvimento espiritual e material do homem em todos os níveis e dimensões. Tornou-se um poderoso império, durante séculos foi o centro do poder político e econômico dos países existentes naquela época, porém tudo tem apogeu e declínio, com este povo não foi diferente. Após as diversas invasões por parte de povos de outros países, toda a cultura e domínio egípcio decresceram até que por fim se extinguiu todo o império. Porém seus ensinamentos ainda permaneceram estampados nas paredes dos templos, na majestade dos monumentos, à disposição de toda a humanidade.

Podemos afirmar, sem dúvida, que a majestade e onipotência da cultura é tal, que mesmo depois de extinta, consegue de alguma forma chegar às pessoas, permanece incólume nas paredes dos templos, em suas esculturas e monumentos, em majestoso silêncio chamando a toda a humanidade para que busque o real motivo de sua existência e com isso, alcance a perfeição interior.

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2 comentários em “Os Mistérios do Antigo Egito”

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