“… Convém fazer uma plena diferenciação entre a Imaginação dirigida voluntariamente e o que é a Imaginação Mecânica.
Inquestionavelmente, a Imaginação dirigida é a Imaginação Consciente; para o Sábio, imaginar é ver. Imaginação Consciente é o translúcido meio que reflete o firmamento, os Mistérios da Vida e da Morte, o Ser.”
Samael Aun Weor
Mitologia é um tema que sempre suscitou discussão (mitologia e autoconhecimento).
Muitos estudos são realizados dentro e fora das academias, sendo abordada por perspectivas diversas: psicologia, antropologia, história, sociologia, literatura, religião, entre outros.
A mitologia não é somente uma enigmática manifestação que surpreende por sua riqueza de conteúdo ou beleza literária, conteúdo este que é identificado pela ciência de nosso tempo como ‘fantasia’, ‘fábula’, ‘história mentirosa’, ‘representação arquetípica’ (na psicologia), ‘interpretação primitiva da realidade’, etc.
Contudo, apesar de todas as abordagens de estudo, a mitologia permanece alheia a muitos conceitos intelectuais ou não, pois na tentativa de se chegar a uma elucidação sobre sua natureza, origem, significado ou verdadeira função nas civilizações que a criaram, cada perspectiva segue elaborando suas interpretações contraditórias, permanecendo ela um enigma de profundo sentido antropológico.
A mitologia é um fenômeno que reflete profundamente a cultura da civilização da qual faz parte.
De fato, se estudarmos os mitos Gregos, Maias ou Indus, por exemplo, eles se revelam uma das fontes mais ricas pela qual chegamos a conhecer o universo dessas civilizações.
Os mitos encontram-se plasmados nas esculturas e obras de arte, templos sagrados, ritos, escrituras, religião de cada um desses povos.
Isto para ressaltarmos sua profunda importância cultural nas civilizações antigas, e sua permanência através dos tempos como fonte constante de referência e inspiração.
Porém, investigando a mitologia por um outro lado mais essencialmente profundo do que sua circunscrição cultural e histórica, ela se revela uma manifestação de amplitude muito mais abrangente.
É o que fica claramente demonstrado através da ciência comparada entre as mitologias de diferentes civilizações ou povos tanto no tempo quanto no espaço.
A manifestação universal das mitologias – sua presença em todas as culturas – e suas irrefutáveis semelhanças entre si, demonstram que a mitologia possui uma essencialidade além da cultura e do tempo, e tem como sua fonte de origem algum aspecto muito particular da natureza humana, uma linguagem especialmente contida na própria consciência.
Apesar de algumas interpretações chegarem à conclusão de que a mitologia é uma linguagem direta da consciência humana (como a Psicologia Junguiana ou alguns estudiosos, como Joseph Campbell), elas não possuem as ‘chaves’ que possibilitam a interpretação total e verdadeira do significado contido em cada símbolo e em cada alegoria das mitologias.
As ‘chaves’ ou as respostas que podem revelar incontrovertidamente o enigma que subjaz as mitologias, podendo decifrá-las em sua totalidade, somente podem ser obtidas na pureza da Psicologia Revolucionária, que constitui o fundamento da Sabedoria Gnóstica em todos os tempos, sendo a mitologia uma das formas pela qual essa sabedoria é e está decodificada.
Mitologia: expressão dos Princípios Universais
“Os antropólogos gnósticos, em vez de rirem céticos -como os antropólogos profanos- ante as representações de Deuses e Deusas dos diversos panteões Asteca, Maia, Olmeca, Tolteca, Chibcha, Druida, Egípcio, Hindu, Caldeu, Fenício, Mesopotâmico, Persa, Romano, Tibetano, etc., etc., caímos prosternados aos pés dessas Divindades, porque nelas reconhecemos ao Elohim Criador do Universo.”
Samael Aun Weor
Para além das formas religiosas que estão de acordo com a época histórica, a cultura, a raça, etc., que se manifestam os princípios universais e perenes do Ser, existe um fundamento para ela, que ultrapassa e impede a compreensão meramente intelectual.
Este fundamento é a linguagem própria em que a consciência se expressa para aqueles que alcançam o Despertar. Esta linguagem da consciência desperta é essencialmente simbólica.
Os símbolos, de fato, não pertencem ao nível do intelecto meramente subjetivo, mas pertencem ao nível da Intuição, ou seja, ao campo da experiência direta e objetiva da realidade, do Ser.
A linguagem simbólica se dirige para a consciência e aí deve ser interpretado, traduzindo os Princípios que estão na base dos enigmas da existência e do Despertar do homem para esta realidade do Ser.
As mitologias são decodificações simbólicas dos Princípios Universais. Ou seja, cada mito é uma forma de expressão e um depósito plasmado de sabedoria esotérica.
Um Deus ou uma Deusa de uma mitologia pode significar a expressão de algum Princípio Universal, uma alegoria ou uma saga na qual participam alguns personagens mitológicos, por exemplo, uma viva representação de algum elemento contido no caminho do Despertar.
Por isso, despindo as formas de cada mito, encontramos uma estrutura subjacente, essencialmente idêntica em todas as diferentes mitologias, independentemente da cultura a qual pertença.
Porém, tal estrutura e seus símbolos e, no caso, do sentido de cada mito, somente podem ser revelados à luz da Sabedoria Perene do Ser, da sabedoria essencialmente Gnóstica, que possui seu fundamento na Psicologia Revolucionária do Despertar da Consciência.
Por exemplo, em todas as mitologias existe o mito que personifica simbolicamente a natureza divina e a natureza egóica do homem.
Na cultura Grega, este princípio está decodificado no Mito de ‘Perseu e Medusa’, sendo Perseu o símbolo da nossa natureza Divina e a Medusa do nosso Eu-psicológico ou Ego.
Perseu, em dura batalha contra Medusa, consegue sua decapitação, simbolizando à luz da Psicologia Transcendental o caráter radical da aniquilação do Ego para conseguir o Despertar.
As Mitologias, portanto, são uma fonte especial de conhecimento perene que se orientam sempre para o Ser. Qualquer especulação intelectual sobre seu significado ou representação somente pode empobrecê-la e corrompê-la no seu sentido verdadeiro, que é profundamente sábio e essencialmente religioso.
Estudando profundamente os Mitos das diversas culturas que se desenvolveram pela história da humanidade, resgatamos a sabedoria da Gnosis presente desde sempre em todas as épocas e civilizações, assim como podemos extrair seus preciosos ensinamentos à cerca dos mistérios e enigmas que subjazem a existência humana.